Estudo sobre o empreendedorismo em Angola - 2018/2019

Sumário

Em Angola, o empreendedorismo afigura-se como um importante fenómeno de inovação e criação de emprego. À imagem do que acontece em outros países em vias de desenvolvimento, o empreendedorismo em Angola assume um papel fundamental na promoção do autoemprego e na criação de negócios novos e inovadores. Assim, em Angola, a atividade empreendedora tem um importante contributo para a redução da dependência do país face às principais exportações, como o petróleo e as matérias-primas.

A economia angolana encontra-se profundamente dependente da flutuação dos preços das exportações do petróleo e das matérias-primas nos mercados internacionais. A produção e exploração de petróleo representa cerca de 50% do PIB angolano, mais de 70% de rendimentos do estado e 90% das exportações do país[1]. Desde 2008, com a crise económica mundial, que a economia angolana tem vindo a abrandar o seu crescimento em comparação com o que se tinha vindo a registar nos últimos 10 anos. Adicionalmente, com a crise petrolífera de 2015, Angola assistiu à quebra das receitas da sua exportação de petróleo e consequente falta de divisas, confirmando que a dependência de Angola face às exportações do petróleo leva a que as previsões económicas sobre o país estejam frequentemente envoltas em incerteza. Neste contexto, verificou-se uma recessão da economia angolana entre os anos de 2016 e 2018, devido a uma quebra acentuada da cotação internacional do crude e da desvalorização do kwanza angolano. Por outro lado, Angola chegou a acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no final de 2018 para a implementação de um programa de financiamento ampliado com a perspetiva de apoio à retoma financeira e económica do país.

Iniciado em 1999, numa iniciativa conjunta do Babson College (EUA) e da London Business School (Reino Unido), a primeira edição deste estudo contou com a participação de 10 países. Em 2005, estas duas entidades transferiram o capital intelectual do GEM para a Global Entrepreneurship Research Association (GERA) – uma organização sem fins lucrativos gerida por representantes das equipas nacionais, das duas instituições fundadoras e de instituições patrocinadoras da iniciativa. Em 2018, o GEM contou com a participação de 49 países.

Para a edição de 2018/2019, o GEM tem por base a classificação de rendimento do Banco Mundial para o ano fiscal de 2019[2], assumindo a existência de três tipos de economias: economias de rendimento baixo, economias de rendimento médio e economias de rendimento elevado. De acordo com a classificação adotada no relatório do GEM Global 2018/19, o grupo de economias consideradas de rendimento baixo integra os países classificados pelo Banco Mundial como sendo de “rendimento baixo e médio-baixo”. O grupo de economias de rendimento médio integra os países classificados pelo Banco Mundial como sendo de “rendimento médio-alto”. Por último, o grupo de economias de rendimento elevado refere-se às economias caracterizadas como sendo de “rendimento alto” pelo Banco Mundial.

Metodologia

A elaboração do relatório GEM Angola 2018/2019 implicou a recolha de dados das seguintes fontes:

  • Sondagem à População Adulta ,junto de 2.023 indivíduos (com idades compreendidas entre 18 e 64 anos), residentes em Angola, utilizando um questionário padronizado, aplicado em todos os países participantes no GEM Global 2018/2019;
  • Sondagem a 36 Especialistas Nacionais , ligados ao empreendedorismo em Angola;
  • GEM 2018/19 Global Report, publicado pela GERA em fevereiro de 2019;
  • Fontes externas devidamente indicadas ao longo do presente relatório.